6 de jun. de 2010

Noite de cinema

É um pássaro, é um avião? Não, é o maestro Roberto Minczuk subindo no palco do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira, para reger o tema super-heroico composto por John Williams para o mais famoso filme sobre o filho de Jor-El. Só faltou a capa vermelha.

E não faltou mais nada. A noite começou com a visão do Municipal dominando a Cinelândia. Luzes novas, tintas novas, e o charme nada discreto das coisas antigas. A escadaria, os mármores, os vitrais, os lustres, até os banheiros são uma atração à parte – não só merecem a visita, como muitas fotos.

Voltemos, porém, ao concerto, o tributo a John Williams que valeu tão-somente minha segunda vez naquele teatro. A primeira de fato inesquecível. Depois de sobrevoar Metrópolis, vieram os acordes hitchcockianos de Tubarão, capazes de fazer gelar minha espinha mesmo estando a uma distância segura do mar. Ainda bem que, para diminuir a tensão, a trilha seguinte nos levou até Hogwarts. Cerveja amanteigada na veia.

Terminada a magia da pedra filosofal, os ouvidos ficaram mais jazzísticos, com o tema central de Prenda-me se for capaz, a prova de que Williams consegue escapar da pompa sonora dos épicos sem perder a circunstância das histórias mais intimistas. Mas esse parêntese minimalista durou pouco. Logo Minczuk, como se pusesse o chicote na cintura e o chapéu na cabeça, reiniciou a busca pela Arca da Aliança – a marcha vibrante de Indiana Jones antes do intervalo de quinze minutos.

Na volta (após a aventura dos banheiros lotados), uma paradinha no bar do teatro para comprar água. Copinho de plástico sobre o balcão, e um leve trepidar – tum, tum – fez o líquido tremer. Ninguém mexe um fio de cabelo. A visão do T-Rex é baseada no movimento. Brincadeirinha. Só para dizer que a trilha da vez era a de Jurassic Park, um tema que fascina (quase) tanto quanto os dinossauros de Spielberg.

Em seguida, veio o violino triste, triste de A lista de Schindler, de fazer a plateia tirar os lenços dos bolsos. Felizmente, o clima holocáustico não foi suficiente para levar ninguém até o lado negro da Força. Já os acordes inconfundíveis da Marcha Imperial, regidos pelo próprio Darth Vader (com seu sabre de luz vermelho)... estes, sim, fizeram o público delirar e aplaudir de pé o vilão mais amado (e pop) do cinema.

Last but not least, Minczuk e orquestra encerraram a noite com a provavelmente mais lírica peça de John Williams, E.T., um delicado voo de bicicleta sobre as notas musicais, e a lua ao fundo, enorme e romântica. Gran finale para a mais incomum sessão de cinema a que assisti, em que os olhos – sempre tão imprescindíveis – deram lugar aos ouvidos. Bravo! Bravíssimo!

9 comentários:

Samara Santos disse...

Penaa eu morar tão longe =/
queriia eu ter ido ver *---*
bjuus ;*

http://www.circunda-tederosas.blogspot.com/

Lolita disse...

Uma das melhores resenhas que eu já vi! Tive até que ler em voz alta, hehe. Afilia-se?

beijos

Neuro-Musical disse...

Caramba
Lendo sua descrição me deu vontade de ir a um concerto como esse! Muito interessante...

http://cerebro-musical.blogspot.com

. Yuri Barichivich disse...

GEnial, queria muito ter ido ver.

Pato em Foco, um photoblog completo.
http://patoemfoco.org
Confira!
~~~

Danilo Corrêa disse...

nossa, gostei muito perfeito o blog
da uma passada no meu
http://danilofutebol.blogspot.com
obrigado

Bruna Fernanda disse...

Isso deve ter sido legal!!Adoraria ter visto XD

Angélica Nunes disse...

bha! Temas musicais de grandes sucessos cinematográficos deve mesmo ser d+++ da conta!
Será que vem pra PoA?
:B

Laura Ribeiro disse...

Seu texto ficou realmente envolvente, eu senti como se pudesse ouvir cada uma das músicas que foi sendo citada.
Parece que foi muito interessante :)

Carey Mahoney disse...

Cinema me lembra pipoca, pipoca me lembra comida, comida me da fome, então eu vou comer alguma coisa. Até mais!