
A “lição” para qualquer criança era clara: não se deve julgar pelas aparências, blablablá. Verdade. Mas a adulta de hoje, com as (sempre) novas lentes que a vida vai nos depositando no rosto, vê que a moral da história não parava por aí. Uma observação adultamente apropriada é a de que a princesinha só conseguiu ser si-mesma ao se unir a alguém muito mais interessado em fazê-la ver do que em ser visto. Não sermos vistos é nossa constante frustração, mas não costumamos nos dar ao trabalho de perceber que nem todos têm as pupilas reguladas para a “frequência” em que operamos; nem todos enxergam no mesmo espectro que enxergamos; não é o hardware de qualquer um que roda o software que nós rodamos. Podemos, sim, colocar nossas lentes em contato, fazer conversões do nosso tipo de “arquivo” para o do outro, traduzir o nosso mundo para a linguagem do mundo alheio. Porém, antes de mais nada, devemos reconhecer – sem sofrer – que existe esse gap entre a nossa plataforma e todas as demais. Ignorar o abismo é mergulhar dentro dele. Teimar em caminhar no universo de outra pessoa usando os óculos errados é a melhor forma de dar com a cara no poste.
Seria falsa, pois, a velha máxima de que visões opostas se atraem? Não acho que sim, não acho que não. É verdade que sempre confiei muito mais no poder das semelhanças, mas não é difícil encontrar quem relate cinco ou seis casos de romances estranhos e bem-sucedidos, entre apaixonados de diferentes planetas: a zen-budista e o pastor luterano, a intelectual sedentária e o alpinista radical, a corintiana e o palmeirense, a macrobiótica e o dono de churrascaria. Ser ou não ser oposto – esta não é a questão. Há torcedores de times rivais que partilham a pipoca no sofá e há almas praticamente idênticas que se divorciam por causa da posição do rolo de papel higiênico. A única regra possível não é a de falar a mesma língua do parceiro, mas de se dispor a andar com um dicionário debaixo do braço – se for preciso, por toda a vida. A única bandeira branca não é a igualdade, e sim a disponibilidade para a diferença. Miopia social, todos têm; só alguns, entretanto, se lembram de corrigir o próprio grau antes de conseguir espiar o mundo alheio com olhos e coração suficientemente abertos.
12 comentários:
adorei o blog, parabens
eu adorei seu blog. E adorooo glub glub! esses canais educativos são sensacionais.
Estou sem palavras
Muito bom seu post
curti seu blog, parabéns e sucesso
abç
"A única bandeira branca não é a igualdade, e sim a disponibilidade para a diferença."
Pura verdade... compartilho dessa opinião.
Mais difícil do que exigir igualdade, é conviver bem com as diferenças. Este sim é o grande desafio!
Adorei seus textos!
Extrovertímido diz: legal
ARRAZOU! Pena que, pelo o que eu vejo, aí em cima não tem nenhum comentário que preste, talvez todos estejam só preparando a mim pra enxergar que eles todos precisam de suas lentes, e procurar enxergar melhor as coisas. Eu preciso de lentes e você também. Tô no youtube agora, pesquisando sobr a princisa, gostei da história - vim gostar de desenhos depois de crescido, talvez porque agora entendo quais têm conteúdo que REALMENTE me atraia - acabei de assistir O Jardineiro e, gente, fiquei com pena do coitado. rs
Parabéns pelo post, e obrigado pela informação da Princesinha.
Um Abraço.
eu nunca ouvi falar desse desenho,mas achei interessante o jeito que vc interpretou.acho que ao longo de toda a serie essa era a lição que o autor quis passar
Bhaaa.. eu ja ouvi essa história de muitas maneiras...
mas gostei masi do desfecho dessa do que a das outras versões...
Pois querendo ou não, as pessoas acabam dando seus "toques pessoais" á contos infantis...
Nunca ouvi falar, mas parece ser bem legal
parabéns. o blog tá muito massa!
gostei muito do texto, alias li vários aki e vi que escreve muito bem...
http://welinfo.com.br/
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