17 de dez. de 2009

Um show de rock’n’roll

Em meus 29 anos de vida, nunca tietei artista nenhum – mas devo confessar, sem medo de mentir, que o Roupa Nova me deixa perigosamente perto disso. Amor nascido numa infância de anos 80, por causa da irmã nove anos mais velha que quase furava os discos do grupo, de tanto os fazer girar, girar, girar, girar, girar, girar na antiga vitrola. Amor nascido de cada tema de novela, de cada nota que sabia o jeito e o lugar de acariciar os ouvidos, de tornar o mundo todo azul. Mas show dos meninos, que era bom, nunca tinha visto: era sempre longe demais, tarde demais, dia de semana demais, eu criança demais. Ou eu simplesmente andava meio desligada, desremunerada, e perdia a chance. A felicidade então nos sorriu, e o Fábio logo espalhou a novidade pelo ar: show do Roupa no Citibank Hall! Desta vez, tudo batia – cidade, idade, calendário, finanças... Agora sim, agora vai: hora de finalmente comprar o que a infância sonhou!...

Compramos: eu, Fábio e – claro – a irmã nove anos mais velha, que quase furava os discos do grupo (e hoje fura os CDs). O prometido repertório deste Roupa Nova em Londres era uma mistura das canções do novo álbum com aquelas que deliciaram gerações a fio. Prometido e cumprido com precisão britânica. Tudo começa com uma simpática animação dos meninos no telão, desfilando na terra da rainha. Já no palco, Paulinho e seu vozeirão abrem os trabalhos com “A cor do dinheiro”, reciclagem do sucesso “Correndo perigo”. Em seguida, ele e Serginho alternam as classiconas “Sapato velho” e “Linda demais” – nunca velhas, sempre lindas – e as carentes “Toma conta de mim” e “Volta pra mim” (o hino sagrado da dor-de-cotovelo music). Emoção à flor da pele. Ricardo Feghali adentra o palco com sua fofíssima guitarra cor-de-rosa da Hello Kitty. “Gostaram da guitarrinha? Tô muito viado com ela?”, ri o figuraça, convocando a participação do público em “Cantar faz feliz o coração”. Faz mesmo. Principalmente quando é Serginho quem canta, com sua voz de carinhar, um medley de delícias como “A viagem”, “Anjo”, “Sonho”, “Amar é”, “Seguindo no trem azul”, “Começo, meio e fim”... Mil motivos para amar Serginho – e gritar para todo mundo ouvir. Paulinho faz um solo de percussão e enche a casa de “Felicidade”. Ainda ao som de “Clarear”, tudo se apaga; iluminando-se apenas com uma lanterna, Nando discursa, ecologicamente, por um pouco de luz nessa vida. Mas falar é pouco pra quem quer mais. Após a dobradinha cardíaca “Coração da terra” e “Coração pirata”, o dueto virtual “Reacender”, as românticas “Mais feliz” e “A força do amor”, as agitadas “À flor da pele” e “Todas elas”, os indefectíveis acordes de “Dona” e a desesperada “Meu universo é você”, reúnem-se todos os roupas no palco, lado a lado. Bom sinal! Já é tempo de uma homenagem dos seis rapazes do Rio aos quatro de Liverpool. Perfeição absoluta, “She’s leaving home” nos rouba a respiração – algo assim transcendental.

... Que vira o maior carnaval. Quase no fim da festa, ao rock então o grupo (e a gente) se rendeu: Roupa Nova na veia, fazendo diferente o que mais ninguém faz. Somos convocados para a beira do palco – onde me materializo sem pestanejar. “Lança-perfume”, “Show de rock’n’roll” e “Whisky a go-go” nos viram de ponta-cabeça, nos fazem de gato e sapato; não dá pra ficar imune. A noite inteira passa num segundo, neste segundo, e os meninos se vão. Snif. Volta pra mim, Roupa, pra todos nós! Eles voltam, como que desafiando: do you wanna dance? E então atacam num medley furioso que vai de “Sweet child o’ mine” a “We are the champions”, passando por “Have you ever seen the rain”, “Stayin’ alive”, “Twist and shout”, “Satisfaction”, “We will rock you”... They do rock us, meus dedos tocam os de Paulinho e os de Nando, um autógrafo de Paulinho vem cair aos pés do Fábio. Sonho plenamente realizado, pacote ultracompleto (incluindo camiseta e pingente comprados na lojinha externa). E mais um item da wish list riscado com lápis de ouro – mas só até a próxima vez, porque o coração... já se apronta pra recomeçar. Sabe como é. Um sonho a mais não faz mal...

9 comentários:

JASMINE TIGER disse...

era tudo o q eu mais queria era ter ido no show ,,mas vc escreveu tão detalhadamente q eu viajei p lá
amo roupa nova
beijossssssssss

Matheus Galvão disse...

Por um ídolo se faz qualquer loucura, nunca fiz, mas quem sabe um dia agarro a Maria RIta, Vanessa da Mata, Ana Canãs...

Joanne Cardoso disse...

Me deliciei na narração deste show e convenhamos, eu nunca imaginei que poderia ter ficado tão interesante.


Quando comecei a ler não tive mais vontade de parar.


http://descobridoresdossetemares.blogspot.com/

Rapha disse...

Pense numa gritaria hehehehe.
http://raphax.com/blog/post/Coracao-de-Ouro.aspx

Unknown disse...

Legal a resenha do show, ficou bem detalhada.
O Roupa Nova é uma banda de ótimos instrumentistas com músicas de boa qualidade.

Taís Andréa disse...

Divino seu texto!!!!!!!!!

Aline disse...

Parabéns pela inspirada descrição do show do RN, Fernanda!! E como fã, posso testemunhar, e corroborar com você, que todo esse amor vale a pena, pois eles, nossos ídolos sem rivais, sabem reconhecer e retribuir o carinho que temos por eles!!!

Anônimo disse...

Olá, Fernada =)

Show e canções do Roupa à parte, que Medley!!! Faz cerca de quinze dias que fui, e ainda me vêm as lembranças do encontro com eles.

Que Medley! De revirar os sentidos!

Pobre esponja disse...

Whisky a gogo é o clássico dos videokês. Não tem um que não a execute: batata!

abç
Pobre Esponja