1 de mar. de 2009

Guns and roses

Randy “The Ram” Robinson, personagem central de O lutador, é um gente-boa: trata com atenção os fãs, trabalha dignamente para pagar as dívidas, é querido pelos amigos, protege e corteja (com delicadeza atrapalhada) uma dançarina de boate, brinca boa-praçamente com as crianças, tenta humildemente se reaproximar da filha. Aquela velha história da fera sensível, o gigante de bom coração. E, como na velha história, o coração – em todos os sentidos – é o fraco da fera. Só não existe, nesta fábula, o mundo que trai e persegue o pobre “monstro”, nem o Adversário que incorpora o mal a ser vencido. Humana, demasiadamente humana, a narrativa é pós-moderníssima: Randy assume, ao mesmo tempo, os papéis de protagonista e de antagonista. Tal qual um Rei Midas às avessas, ou um serial killer de si mesmo, vai estragando progressivamente as próprias chances. Não por má intenção ou inconsciência; antes por distração, por fraqueza, por inabilidade. Humano – demasiadamente humano.
Muitíssimo tentador comparar o longa a outro recente exemplar dos ringues: A luta pela esperança. Enquanto o filme estrelado por Russell Crowe aposta na estrutura de conto de fadas redentor (a começar pelo título original, Cinderella Man), a história de Randy “The Ram” detona a lógica da Carochinha. Em A luta..., o espírito do herói garante a eficácia dos sopapos; a eficácia dos sopapos tem por objetivo a vitória e a sobrevivência digna do herói; os sopapos se destinam (pelo menos uma vez) ao verdadeiro inimigo: o combatente malvado. Em O lutador, a eficácia dos sopapos reside justamente em garantir o espírito do herói, que, através dos sopapos, deseja fugir da mera sobrevivência digna. Os sopapos se destinam sempre a amigos – e é engraçado vê-los combinando docemente a “coreografia” da luta, que pode incluir apetrechos de dar inveja ao psicopata Jigsaw. Terminada a carnificina, todos se cumprimentam e parabenizam, amicíssimos. Não há combatentes malvados. A vitória? é o que menos importa. Ao contrário de Jim Braddock (o “Cinderella Man”), Randy Robinson não luta para viver – em nenhum dos sentidos que possa ter essa afirmativa. Randy Robinson luta apenas para conviver consigo mesmo enquanto vive. Dá a si próprio o destino kamikaze dos incompetentes – aqueles que não veem infelicidades como estímulo para o nado, mas como desculpa para o afogamento.
Triste e demasiadamente humano, palpável, crível, “The Ram” é personagem que “existe de se pegar”, conforme diria Drummond. Homem de armas e de rosas (para combinar com a trilha sonora que o acompanha na luta final); homem de brutalidades e ternuras, de ringues farpados e de cartões para a amada. É fácil ter-lhe simpatia, é fácil torcer por ele. Difícil é construí-lo na medida certa, no pequeno espaço que desvia tanto da pieguice quanto da truculência. Golpe certeiro de Mickey Rourke, que detonou o rosto, mas bombou o talento. Apesar dos muitos pesares, surras e nocautes do meio do caminho, o moço mostra que continua (ou passou) a ser um ator tough enough.

33 comentários:

Anônimo disse...

Blog muito explicativo!

gostei!

=***

YagoMurakami disse...

esse filme the wrestler parace ser bom, acho que queando laça em qualidade de dvd eu baixo xD
abraços!

http://wallnosekai.blogspot.com/

Anônimo disse...

Parece ser um personagem interessante, vou conferir...

Um abraço!

http://daniel.a.s.zip.net

Unknown disse...

Olá... irei assistir esse filme... várias pessoas ja me indicaram...

Abraços!
www.borarir.net

Rafael de Souza disse...

interessante!

Anônimo disse...

É, esse filme tem despertado uma curiosidade que eu normalmente não possuo em relação a filmes...acho que também pela "volta por cima" do Mickey Rourke.

abs!

Anônimo disse...

Tough enough e eu adorei esse ressurgir das cinzas do Mickey. Agora, só falta assistir o filme, já estou passada por isso e, lendo a tua crítica, mais maluca fiquei.
Falando nisso, duas coisas que amo na vida, feras sensíveis e ler os textos deste blog.
Beijos a todos!

Emerson Reis disse...

Olhe, ao ler atentamente a crítica muito bem escrita, original e que com certeza atrairá muitos visitantes a seu blog, não pude deixar de notar o estilo literário. Você tem talento, hem Fernanda? A meu ver, talento digno de ser seguido e merecedora de um link em meu blog, porque realmente gostei demais. Tenho amigos que também criticam bem cinema, como o Rodrigo Andolfato, da Sociedade dos Malas, mas ter descoberto o seu blog numa comunidade do orkut em que muitas vezes só encontro grandes amigos e nenhuma novidade, foi uma grata surpresa para uma possivelmente tediosa tarde de domingo. Parabéns pelo post, parabéns pelo bog que vou seguir e acompanhar.

http://www.mersonreis.blogspot.com

André disse...

bacana o blog..ta bem legal.
mto bem escrito.
bjoos

http://nadadelicada.blogspot.com/

Jacque disse...

Oi, fernanda! Vim agradecer a visita, o comentário e as dicas que me deu! Bem, não me considero uma boa poetisa1 prefiro infinitamente escrever artigos e análises ou contos, mas me arrisco no mundo das poesias às vezes... Enfim, obrigado, de verdade! Quem sabe agora, coma faculdade de Letras eu consigo por em prática o que me disse! ;)
Bjaum

Ben Mau disse...

Obrigado pela dica!

Anônimo disse...

nossa... me deu até vontadade de ver o filme..
vou procurar saber mais.
e, uma coisa eu tenho q falar eu gostei muito do seu blog :)

>> laisisabelablog.blogspot.com

Anônimo disse...

muito legal o seu blog. bjos

Unknown disse...

legal seu blog parabens

Adriano Dirribeira disse...

Parabéns pelo Blog, já conheço de outras visitas..
Um abraço e sucesso!

admin disse...

lega seu blog!


atualize sempre t+

Se puder passa no meu blog:

http://paginadacomedia.blogspot.com/

Beline Cidral disse...

Puta resenha bacana, você conseguiu investigar a obra com olhos atentos a questões mais sutis. Não sei está coerente, não vi o filme, mas na teoria a analise parece bastante relevante.

Anônimo disse...

J aouvi falar mais ainda noa tive a oportunidade de ver, me despertou a curiosidade,sucessos

KGeo disse...

eu ainda vou ver o filme "o lutador"

Inez disse...

Seu comentário me fez ter vontade de assistir ao filme.

Unknown disse...

bacana se blog bem explicativo


se puder

http://sonabrisa.nomemix.com/
comente as postagen mais antigas tabem,
e entre na comunidade dele
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=23965519
atualização diaria.

. J.Suzigan' disse...

AMEI esse filme, assisti semana passada !
Ele conta uma história legal e tals, e o ator, um dos que eu mais gosto !

Parabéns pelo blog
. quando der, passa no ' http://www.eucomiaana.blogspot.com/ '

Beijosmeliga :*

Anônimo disse...

Cara ta uma das bandas que eu ja gostei bastante e hoje ja não é mais la aquelas coisas. Muito Marketing.

Adm disse...

naum gosto muito de filmes do genero ><

bom blog

Anônimo disse...

opaaa...

blog muito interessante, apesar do design deixa a deseja um pouco mais eh show...

um abraco e sucesso

www.AlgumaNew.blogspot.com

P. disse...

agora eu to louco pra ver esse filme !

e falando de Guns n' Roses...eu não consegui parar de ouvir essa banda ateh hj !

ateh o momento eh a unica banda q eu escuto desde os 13 anos sem enjoar.

Unknown disse...

Mickey, é como fênix danado, confesso que estou ansiosa para ver esse filme, dizem que ele faz o papel dele mesmo quero conferir, ele não faz média, detona gosto dele.


http://messnatural.blogspot.com/

Eu, Thiago Assis disse...

parace ser um bom filme. =]

Fábio Flora disse...

"O lutador", protagonizado por Randy “The Ram” Robinson, traz pro ringue um personagem que transborda verdade. É impossível não se comover com a estória do sujeito que, entre tapas e beijos, tenta se entender com o mundo. Todos os aplausos para o ator Mickey Rourke, o diretor Darren Aronofsky e o roteirista Robert D. Siegel, que transformaram a aparente "Fera" num homem humano, demasiadamente humano, tão humano que, como disse o Drummond e bem lembrou a Fernanda, existe de se pegar.

Anônimo disse...

otmo blog parabens !

Unknown disse...

vou ver se acho e ai terei um comentario melhor rs

gostei

Unknown disse...

blog esplicativo
não gostei desse filme

se puder
http://sonabrisa.nomemix.com/

Anônimo disse...

foi exatamente o que eu disse. a volta por cima do Mickey é evidente, mas seu grande êxito foi fazer o Ram na medida certa. quem diria que ele sabia interpretar tão bem? ao final do final do filme, sabia que o Oscar era dele. só perdi essa certeza quando vi Milk, no dia seguinte. disse, inclusive, que era empate técnico. gostei muito do Sean no filme, impossível não gostar. mas fiquei com pena do Mickey. é como tirar o prêmio da criança que virou a noite fazendo o dever de casa e dar praquele que fez em dois tempos e foi jogar videogame.
mas enfim, é a vida.