
Flora, Dodi, Silveirinha e cia. se despediram há duas semanas e ainda não consegui voltar meus olhos e ouvidos para a “nova” novela das oito, a bollywoodiana Caminho das Índias, de Glória Perez. A sensação (ou será a certeza?) de déjà vu é tão grande que o controle remoto acaba não sossegando um minuto sequer. A trama tem a mesmíssima fórmula de outras histórias da autora, como América, O clone e Explode coração.
Se hoje os indianos são o povo/cultura da vez, ontem tivemos os americanos/mexicanos naquela Miami bem Projac, de uma rua só; os marroquinos sob o sol avermelhado de Jayme Monjardim; e os ciganos conectados à então incipiente internet (pelo menos no Brasil). Se hoje Bahuan e Maya são o casal de castas diferentes que vive o-romance-com-sérias-restrições-casamentárias, ontem Tião e Sol, Lucas e Jade, Júlio e Dara foram os pombinhos que sofreram horrores e amores por causa de seus mundos distantes. Se hoje o merchandising social (digno de todos os aplausos, embora esteticamente questionável, por ser às vezes didático demais) mira os esquizofrênicos, ontem foram alvo dele os deficientes visuais, os viciados em drogas e as mães à procura de seus filhos desaparecidos.
Além dessas "meras coincidências", não vai demorar muito para que típicas expressões indianas se tornem bordões nacionais, como aconteceu com os inshalás! e ialas! de O clone. Acredita que já ouvi marmanjo dizendo por aí que está "louco para amarrar seu magala sutra" na vizinha gostosa? Calma, gente! O magala sutra é apenas um colar de casamento, que corresponde às alianças que os noivos trocam deste lado do mundo... Are, Baba!
Bobices linguísticas à parte, prometo bancar o heroico Vasco da Gama (o que, convenhamos, não será difícil para um cruzmaltino, né?) e descobrir esse novíssimo caminho para as Índias. Afinal de contas, pelo pouquinho que espiei, as cores fortes de cidades como Jaipur, a imponência do Taj Mahal e a boa companhia dos sempre excelentes Tony Ramos e Osmar Prado devem valer a passagem. Chalo!