Há coisas que melhor se dizem calando; tal é a matéria deste post.
29 de set. de 2008
21 de set. de 2008
Mire e veja
Eu podia falar muita coisa depois de ter visto o novo longa de Fernando Meirelles, Ensaio sobre a cegueira, baseado na obra homônima de José Saramago. Podia falar do filme em si: da câmera que exibe um foco incerto, dos enquadramentos assimétricos, da fotografia branca que nos mergulha num "mar de leite"; do modo preciso com que a edição apresenta os personagens e retrata a passagem do tempo; do ótimo elenco, que não nos deixa esquecer em nenhum momento que estamos apenas diante de pessoas e de seus extremos; da enorme fidelidade do roteiro aos fatos e ao espírito do livro.
Podia falar do tempo em que li o romance (quando ainda cursava a faculdade de Letras), de como achei aquela estória ironicamente tão visual, de como me deu vontade de filmá-la, se eu fosse um cineasta. Me lembro muito bem do dia em que terminei de ler o livro e comentei com os amigos mais próximos: "Nossa, se eu tivesse que escolher um romance pra adaptar pro cinema, seria esse!". Ainda cheguei a descrever como seria a última cena. (E não é que o Fernando a fez igualzinha?)
Também podia não falar nada disso e apenas reproduzir um certo poema de Augusto dos Anjos, intitulado "O morcego", que, sabe-se lá por quê, veio muito a calhar:
Meia-noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..."
– Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Mas o que eu podia falar diante de um flagrante tão feliz, coisa de minuto e meio, que mostra a reação de Saramago ao ver o seu Ensaio na telona pela primeira vez, durante uma exibição em Lisboa? É ou não é ultra-emocionante?
14 de set. de 2008
Dancing days

E leve com você seu sonho mais louco...
Eu quero ver seu corpo – lindo, leve e solto!
A gente às vezes sente, sofre, dança sem querer dançar...
Na nossa festa, vale tudo – vale ser alguém como eu, como você!
Dance bem, dance mal, dance sem parar!
Dance bem, dance até sem saber dançar!
11 de set. de 2008
Direto da Caixa-Forte
Há exatos 21 anos – em 11 de setembro de 1987 –, era exibido nos Estados Unidos o episódio-piloto de uma das séries de animação mais bem-sucedidas dos estúdios Disney: Ducktales (que, no Brasil, ainda receberia o subtítulo "os caçadores de aventuras"). O desenho era inspirado nos quadrinhos do mestre Carl Barks, responsável pela invenção de Patópolis e de muitos de seus habitantes, como o Tio Patinhas, o Gastão, os Irmãos Metralha, o Professor Pardal e a Maga Patalógika, entre outros.
Os episódios de Ducktales tinham todos os quês daquele tipo de aventura à Indiana Jones, com muitos mapas empoeirados, relíquias valiosas e cidades perdidas. Ao lado de seus sobrinhos (Huguinho, Zezinho e Luisinho) e do atrapalhado Capitão Boing, Tio Patinhas varria os quatro cantos do mundo atrás de selvas, ilhas e povoados esquecidos, ou seja, qualquer lugar que pudesse guardar um grande tesouro – e uma boa estória.
No Brasil, a série foi exibida pelo SBT e tinha o tema da abertura cantado por Luiz Ricardo, conhecido ainda por ter interpretado um dos tantos Bozos. A musiquinha acabou virando um clássico dos anos 80. Vale recordar e cantar junto:
Aí vem um furacão
Vem emoção
Tem corrida e avião
Tem sensação
Velhos castelos, belos duelos
Ducktales (uh-uh!)
São os caçadores de aventuras (uh-uh!)
Todos eles são grandes figuras (uh-uh!)
Nossos amigos enfrentam
Mas há perigos, e afugentam
Tudo isso acontece em Ducktales (uh-uh!)
São os caçadores de aventuras (uh-uh!)
Todos eles são grandes figuras (uh-uh!)
Por isso a garotada só quer Ducktales (uh-uh!).
7 de set. de 2008
O dia da dependência

3 de set. de 2008
Mãos dadas
A sala de espera do consultório médico, uma pequena tevê ligada na Globo, no Mais você (da Ana Maria Braga), e eu, a poucos minutos de fazer meu teste ergométrico anual. A receita de um bolinho de feijoada, uma entrevista com a "favorita" Mariana Ximenes e o Louro José contando estória. Entre uma amenidade e outra, a Ana Maria exibiu um vídeo, provavelmente descoberto no maravilhoso mundo do Youtube. Os personagens principais: a menina Natalie Gilbert, de 13 anos; o técnico do Portland Trail Blazers, Mo Cheeks; e uma platéia de mais de 20 mil pessoas. Depois do filminho, a loura começou a falar de bons exemplos, solidariedade, liderança... Nem precisava. As imagens já diziam tudo. Ah, o meu exame? No meio do teste, a esteira acelerou e minhas pernas cansaram – mas o coração vai bem, obrigado.
1 de set. de 2008
O nevoeiro
