De vez em quando, cai bem fazer um check-upzinho pra ver se tudo continua em cima. Neste caso, vai uma sugestão. Se quiser ter a certeza de que permanece tão humano quanto no último exame, vá assistir a Toy story 3. Saiu de coração e olhos sequinhos, incólumes, invictos? Meu amigo, sinto informar que você exagerou na blindagem e se aposentou do mundo. Gente que é gente – pele, carne, osso, nervos – chora em Toy story 3. Ou tenta não chorar. Ou fica arrepiada. Ou fica incomodada. Ou fica nostálgica. Ou suspira. Ou soluça. Ou passa os dez minutos finais engolindo os soluços para, pelo menos, não aumentar o vexame. Ou todas as anteriores. Mas dos totalmente invulneráveis eu tenho medo, muito medo. Não vou querer encontrar um desses num beco à meia-noite. De preferência, nem na rua ao meio-dia.
Eu? Eu nunca tentei (tanto) não chorar tanto em um filme. Chorei, o Fábio chorou, saímos de olhos vermelhos, no banheiro chorei mais, choro mais ainda ao me lembrar da história – inclusive enquanto escrevo este úmido texto. Se for indício de humanidade, estou candidata ao Nobel. TS3 não é brincadeira. Sim, é um filme sobre brinquedos, aqueles mesmos que há tanto conhecemos: Woody, Buzz, Jessie, Sr. e Sra. Cabeça de Batata, Rex, Slinky, Porcão, Bala no Alvo e – meus preferidos – os etês fofíssimos do Pizza Planet (“Salvou nossas vidas! Seremos eternamente gratos!”). Aliás: é um filme com brinquedos. Mas nunca foi tão demasiada e humanamente sobre nós. Sobre o tempo e o que fazemos dele. Sobre o tempo e o que ele faz da gente. Sobre o tempo e o que fazemos com o que ele nos fez.
Apesar da aventura ritmada e dos alívios cômicos – como a metrossexualidade de Ken e o lado caliente que aflora em Buzz –, o que fica de Toy story 3 se resume na dúvida do Fábio, que saiu do cinema com a estranha sensação de não saber se seus brinquedos antigos, doados, haviam encontrado um lar feliz ou uma creche Sunnyside (o “inferno” da história). “Que pergunta doida, a gente sabe que os brinquedos não sentem e falam de verdade”, ele próprio se censurou. Não importa. A questão procede. Woody, Buzz, meus queridos etezinhos e os demais bonecos não estão no filme para se ser. Nem para ser os brinquedos que tivemos. Eles nos são. Encarnam aquela parte coloridamente essencial de nós mesmos, quase sempre amassada e soterrada por pilhas de seriedade, medo, tempo e exaustão que lhe jogamos por cima.
Se saímos massacrados da sessão, não é porque nos perguntamos quem ficou com a boneca Anjinha ou o carrinho Teteco, que nos conheceram aos cinco, sete, dez anos. Perguntamo-nos, sim, onde passou a morar aquilo que tanta importância teve para nossa parte colorida. Onde passou a morar nossa parte colorida. A quem (ou a que) entregamos nossa parte colorida. Em que mãos depositamos aquela pessoa que começou nossa vida em nosso lugar. Aquela pessoa que construía histórias com as folhas do jardim – antes de as construirmos com palavras. Aquela pessoa que acreditava em homem de capa vermelha, superforça e supervelocidade – antes de acreditarmos em salvar o mundo todo dia um bocadinho, mesmo sem sairmos voando de uma cabine telefônica. Aquela pessoa que colocava roupinhas num fósforo (!) de estimação – antes de aprendermos a cuidar de um ser vivente, às vezes até humano. Aquela pessoa, enfim, que inaugurou nossas vidas para nós, emprestando-nos a bagagem que se encheria ao longo do caminho. A pessoa que fomos antes de sermos; a pessoa que pintou um arco-íris de energia em nossos alicerces; a pessoa que (como o caubói Woody) não desistiu de nós, ainda que tenhamos temporariamente desistido dela. Aquela criatura esquisita e maravilhosa que salvou nossas vidas – e à qual seremos eternamente gratos.
20 comentários:
Pode cre...deu até gosto de assisti..pior é q eu naum assisti nem o 2 e nem o 1...abraços
Cara...o final do texto me comoveu profundamente!!!"Onde passou a morar nossa parte colorida"?
Essa é a parte que nunca deveria apartar-se de nós...
Acredito que a infância é a fase mais mágica do ser humano,deveríamos ter ainda e sempre,um pouco(se não conseguir o muito)da infância em nós.
Não assisti ainda ao filme,mas depois dessa descrição,vou correndo pro cinema!!! ^^
Se eu já estava com vontade de ver TS3, agora estou com MUITA vontade. Adorei a reflexão que você fez sobre o filme, beijo!
Chocada até agora, deu pra sentir tudo isso só de imaginar Woody, Buzz e companhia aprontando e emocioanndo na telinha!
cara, toy story foi um dos primeiros filmes q eu vi no cinema...........sempre me marcou, uma das melhores animações ja feitas!
http://alexandreterra.blogspot.com/
Ainda não vi o filme, mas os meus amigos que assistiram elogiaram muito o filme. Estou curioso pra ver esse filme! Abraço e parabéns pelo texto.
Depois deste relato, terei que assistir. Meu filho baixou o filme e assistiu. Vou dar uma olhada amanhã.
Primeiramente, você entra pra lista de amigos blogueiros que conto o que estou ouvindo enquanto leio a postagem! E adivinha! Estou ouvindo a trilha sonora de Toy Story 3! E acredite, eu assisti a Toy Story 2 ontém e chorei! Por caulpa sua vou ver o dois de novo para depois ver o 3 em High Definition! XD Ah, semestre que vem farei uma apresentação na universidade federal de Itajubá relacionando Small Business com Toy Story 2 huahuahua! =P Você ganhou um selo de meu blog "meu post vale um selo" depois você copia o código que está na coluna direita em meu blog e coloca o selo em seu blog! =) Não tem que repassar a ninguém porque este selo é exclusivo e só quem está na lista em meu blog que tem o selo validado!
Sua postagem estará indicada por lá como post destaque! =D
Beijos e sucesso para você!
neowellblog.wordpress.com
Post fantástico, descrição perfeita de uma história que nunca tinha me atraído, até aqui. TOY STORY 3 está na agenda de programação pra essa semana. Obrigado por me comover com tamanha sensibilidade.
Abços!!!
ESSE É BOM DEMAIS!
eu amo demias esses filmes da pixar.quando vc é criança vc rir dos desenhos bonitinhos,mas quando vc é adulto vc se emociona demais
Não sabiam que tinham lançado o 3 !
Mas se o texto me comoveu, imagino o filme, obrigado pela dica, depois vou procurar para assistir .
Os textos de seu blog são ótimos ! *-*
Aiai....segurei para não chorar durante o filme, e continuo a tentar não demonstrar minha comoção...toy store é uma lição de vida, ou melhor, de animação. Amo todos os filmes da Disney/pixar e os vejo repetidas vezes, mas acho que não aguentarei ver de novo toy store 3 sem derramar muitaaaassss lágrimas;
www.mateseuprofessor.blogspot.com
=)
Olha.. fiquei sabendo que o filme é realmente ótimo..
li uma critica do zeca camargo que por coincidencia se emocionou também.. =x.
eu to começando a ter medo do filme, medo de chorar e conhecer de novo a fragilidade.
pretendo comprar, melhor, chorar em casa é mais confortavel.
belo post, consegiu passar realmente o que c sentiu e o que o filme passa.
parabéns,
abrçao.
Ahh! Eu queria muito assistir esse filme e eu vou. Estou ouvindo criticas maravilhosas sobre ele! Quero ver se é bom mesmo hehe
http://cerebro-musical.blogspot.com
muito bom assiste o 1,2 e agora o 3 é d++++!
http://amosbarros.blogspot.com
Não vejo a hora de ver esse filme, e chorar (vivo chorando em filme); o 1 e o 2 são ótimos, é tão difícil um filme se manter fiel a qualidade do primeiro, e pelo que tenho lido a cerca de Toy conseguiu essa proeza.
abç
Pobre Esponja
Um dos filmes que marcaram minha infancia...
Louca pra ver...rs
Beijinhos
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www.jehjeh.com
"Ao infinito, e além!" Confesso ter o meu boneco do Buzz Lightyear até hoje. Tá bom, confesso, tenho quase todos os meus brinquedos de estimação ainda, mesmo estando já na faculdade.
Eu ja chorei assistindo o TS e TS2, por isso o TS3 eu quero assistir em casa, no meu DVD ligado na minha pequena TV 20" mesmo, mas com toda a para poder gargalhar e chorar nas suas devidas cenas.
Gostei do brogui, mas dá pra dar um "up" nesse visual com um plano de fundo bacana.
At+
VErdade! =/
Eu chorei muiiito quando assisti o filme. ;)~
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